SÍNCOPA
(Tontura rural)
Mergulho,
penetração, salto no vazio. Sol. Adormecer vertical, estremecimento, gritar com
ardor entre as cinzas da paz, correr sem nexo
na
bebedeira das tréguas. Fogo. Confusão sublinhada. Silhuetas de corpos fugidos
fazem-nos apetecer a morte. Os vidros têm sido quebrados. As cartas jogadas não
escondem o labirinto do medo. O quarto crescente é obra do diabo. As estátuas
também mudam a sua posição. O acto sexual feito dentro de um caleidoscópio pode
provocar náuseas. Romantismo. Horror. O segredo da vida eterna é um nunca
acabar de amores, uma bebedeira constante, um caminho sem horizonte, uma
sinfonia de ideias felizes. Sonambulismo. Harpas. Fagotes. Onde está a luz?
(Onde está a luz?) Onde foi que perdeste o teu deus? O teu segredo? Álcool e
poker. Sementes de fogo estendidas no escuro, na piscina, no esterco. Felizes
os convidados para a ceia do senhor. Abre-me a porta, eu quero sair. Consumismo
(Consumismo). Puberdades apodrecidas nas borbulhas. O vingador não fechará os
olhos. Bravo! Oh yeah! Os teus cigarros fumegam pássaros, as tuas narinas
vomitam estrelas. Também te vi subir árvores – acaso beijaste a lua cheia?
Acaso fizeste amor com ela? A sociedade vai-te abafar quando comer o teu
amadurecimento (cheira a electricidade), mudam-te de sexo se for preciso e até
são capazes de te enforcar. Há que ter uma personalidade definida, há que
abandonar a condição de besta-homem. Onde é que te vais apoiar? É preciso saber
morder e a quem! Se acontecer a revolução e os dias tristes de outono cantando
às estrelas, se acontecer o êxodo e o regresso involuntário à cidade, ao não
saber – então o mergulho, o penetrar nas asas das moscas, no transparente da
civilização. Então os dedos resfolegados e ébrios numa meditação nauseabunda
maravilhosa nostalgia mágica nunca mentindo naqueles meticulosos ninhos mornos
nebulosos magníficos neutros magoando ninfas moribundas. Menopausa (Menopausa).
O vício. Nunca mais o jazz.
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