segunda-feira, 21 de maio de 2012

Wouter de Broeck (Antonio Domingos Falé)



Antonio Domingos Falé

De schapen kwamen mee
een keer roepen volstond
de man genaamd António D. Falé
slenterde over de dorre grond

hij stelde zich glimlachend voor
tikte zijn geruite pet naar achter
de schapen liepen geschrokken door
António praatte nu zachter

over de voorbije veertig jaar
de heren die hij had gediend
hij krabde aan zijn witte stekelhaar
nee, veel had hij niet verdiend

hij hield van de vogels en hun gezang
en ach, het stof de dood
ze maakten hem niet bang
want wie het minste weerstand bood
die leeft nog lang en

hij draaide zich om
naar zijn schapen

Het land dat weldra niet meer bestond

In het land dat weldra
niet meer bestond, eten
de mensen appels, ze
wanen zich gezond.

Het land ligt uitgestrekt en
prachtig onder de eerste
lentesmog, de mensen rijden
zich te pletter op zelfbedrog.

Ze zien gevaren over de baren
een grens in ieder mens
zolang de boom appels geeft,
verloopt alles toch naar wens?

Terwijl ze zo krioelen en
’s nachts liggen te woelen
op zoek naar een omtrek
voor zichzelf, valt het land

uiteen, de delen gaan voor anker,
en de mensen krijgen kanker.

O Monte

Se olhar se pode aprender
é este o melhor lugar
para ver o suspiro
da azinheira
as ondas do verde mar
a frescura de Abril
que Maio vai secar

é peciso deixar a casa
o quadro que corta a asa
é preciso subir ao monte
para regressar à fonte

Tudo não passa
de uma de uma pequena ferida
os pés firmes na areia
a cabeça quente, logo lava-se
o pó de quem está ausente,
na praia só mesmo os cães,
e o lixo que se atreve,
a espera de companhia
e de um inverno leve que
leva as folhas enferrujadas
o pequeno wikipédia da
microbiologia espalhado
pela areia na minha cabeça
vagueia uma ideia à um
passeio que queria dar até
sentir o tempo parar no ferro que me feriu e
que fez uma pequena
ferida que não passa.

O Privatisador
Privatiso-te ! Ouviste ?
Estás privatizado.
Privo te de pensar sei lá o quê,
de andar sei lá onde, de parar
à minha frente (e estragar a
minha vista).
Porque estás privatizado, ouviste ?
És privado. És meu.

Viste como eu fiz ? Foi fácil.
Para privatizar basta meia palavra,
entendeste ?
Fazes bem, porque não sou visível,
não podes vir reclamar sei lá o quê.
Podes tentar ver me, compreender,
mas não estarás à altura.

És pequeno e meu. Privatizado.
Sem direito de tocar em sei lá quê,
sem direito qualquer. Não esperes
nada de mim. Posso-te deixar
algumas ilusões, mas não passam
de migalhas, em breve também elas
privatizadas.  Não vais encontrar
o caminho para casa, ouviste?

Estás feito, privatizado, és meu.
Mas não chames por mim. Não posso
fazer nada por ti. E não me vais
encontrar. Não vale a pena.
Contenta-te com a tua alma – se
não estiver privatizado ainda.
E agora deita-te. E dorme
descansado.

Tudo vai bem
(fonte: F. Castro)

A morte aproxima-se, mas continuem por favor, tudo vai bem, obrigado
não se esqueçam que sou o pai da revolução, nada me pesa no estômago,
no máximo peso eu no meu, onde faço companhia ao meu cancro alastrado,
paus é trunfo, nos olhos da morte,
tirei umas novas oportunidades,
para ser bom perdedor,
um curso rápido para
condutores em contra-mão,
hoje há nevoeiro, mas
sei que ela se aproxima,
sei o que digo, afinal sou eu
o pai

Sem comentários:

Enviar um comentário